A síndrome do atraso das fases de sono afeta o nosso relógio interno

Set 17, 2022 | DESCANSO | 0 comments

Existem pessoas com uma tendência para ficarem acordadas até mais tarde. Deitam-se mais tarde e, por consequência, são incapazes de se despertarem a uma hora convencional e cedo. E, ainda que nos possa parecer frívolo, ou incluso irresponsável, deve saber que quiçá detrás deste comportamento se esconda um transtorno do sono: a síndrome do atraso das fases do sono.

O que é a síndrome do atraso das fases do sono? 

O feito de que durmamos de noite e realizemos atividades seguindo a luz do sol não é um feito aleatório e trivial. O corpo humano aplica para o seu descanso um padrão de sono-vigília que segue os denominados ritmos circadianos. O nosso relógio biológico interno funciona de forma regular a cada 24 horas, e fá-lo utilizando uma série de elementos internos do nosso corpo, e que atuam como se fossem sincronizadores.

O atraso das fases de sono é um transtorno deste relógio interno que marca os ritmos circadianos. É produzido quando os sincronizadores do nosso ciclo sono-vigília sofrem algum tipo de alteração, o que provoca que os padrões do sono convencional se atrasem várias horas. Ou seja, os dormentes que o sofrem acabam por dormir muito mais tarde e, como consequência, também se despertam mais tarde do que o habitual.

Existe uma grande desinformação à volta deste transtorno do sono. É que acaba por ser bastante habitual associar os seus sintomas com a preguiça, a irresponsabilidade, e catalogar as pessoas como preguiçosas e mandrionas, sobretudo entre as pessoas mais jovens. Ainda que seja possível que nem todos os que exibem estes horários dessincronizados no sono sofram do atraso das fases do sono, em muitas ocasiões isto acaba por ser verdade.

Como se produz a síndrome do atraso das fases do sono? Possíveis causas, e sintomas mais habituais que ajudam à sua deteção 

Existem vários tipos de fatores que podem desencadear o aparecimento deste transtorno do sono. Sem ir mais longe, certos elementos de índole mais social e laboral, como podem ser as mudanças de turno no trabalho, ou a atividade noturna (hospitais, hotéis, serviços de limpeza, polícia…), podem levar a perder essa regularidade nas horas de sono e vigília. 

fases de sono

Mas, de modo a que se produza esse desajuste entre os nossos ritmos circadianos, não é obrigatório que tenhamos de ter um entorno diferente. Quer seja motivado por turnos rotativos no trabalho ou por outros detonantes, o transtorno costuma ser motivado por uma má exposição aos ciclos de luz-escuridão.

Se não nos expomos durante o dia à luz natural, é muito mais provável que acabe por aparecer a síndrome do atraso das fases do sono no nosso relógio interno, sofrendo assim o desfase em relação aos horários convencionais. Por outro lado, é importante destacar que não existem atenuantes relacionados com problemas psicológicos, como a depressão ou a ansiedade.

Para detetar o aparecimento deste transtorno do sono podemos guiar-nos pelos seguintes indicadores:

– Sem dúvida, o maior indicador pode ser encontrado na desregulação do sono. Uma pessoa que adormece a altas horas da madrugada e que se levanta tarde, porque é incapaz de se despertar. E isto pode-se produzir, incluso mantendo uma correta higiene do sono.

– Não se produzem microdespertares ou despertares noturnos. Em definitivo, não tem sintomas que coincidem com os das insónias.

– Depois de a pessoa conseguir adormecer, não encontra dificuldades para se manter a dormir. Se a este padrão lhe juntarmos o dos horários atrasados, encontramos o principal indicador de que pode padecer deste transtorno.

– Por outro lado, irão, sim, demonstrar certo nível de sonolência, assim como um baixo nível de alerta durante as primeiras horas do dia. Ao despertar, irão mostrar-se cansados e com pouca energia. Uma atitude que se irá modificando conforme avancem as horas, até chegar ao maior ponto de vigília, nas últimas horas da tarde.