Vantagens de fazer colecho todas as noites

Falamos de uma prática tradicional em muitas culturas e que tem vindo a ganhar popularidade nos lares ocidentais, especialmente devido aos benefícios conseguidos com a prática do co-leito. É que, para muitas famílias, proporciona uma experiência íntima e segura, facilitando a lactância e o vínculo afetivo entre pais e bebés. No entanto, também existem estudos que apontam certas desvantagens a ter em conta.
Neste artigo da Maxcolchon vamos analisar tudo o que está relacionado com o co-leito: benefícios, desvantagens, tipos de co-leito, assim como estudos que respaldam todas as vertentes.
O que é o co-leito
O co-leito é a prática na qual os pais e os filhos dormem no mesmo quarto, muito frequentemente com o bebé bastante próximo.
O co-leito significa dormir muito próximo do bebé, e trata-se de uma prática parental popular e bastante comum. Muitas culturas levam a cabo o co-leito: quer seja fazendo com que o bebé durma num berço dentro do mesmo quarto, ou então na mesma cama.
Ainda que na cultura ocidental se tenha enraizado o feito de separar os bebés dos pais, o certo é que muitas famílias no ocidente estão a voltar a praticar o co-leito, particularmente devido ao que se conhece como a parentalidade com apego, uma prática centrada no desenvolvimento de uma estreita relação entre pais e filhos.
Benefícios do co-leito
São muitos os pais que apostam por partilhar a cama com os seus bebés devido aos seus principais benefícios. Estas são as vantagens do co-leito:
- Quando os pais tomam precauções de segurança para dormir, dormir no mesmo quarto que o bebé reduz o risco de síndrome de morte súbita do lactente (SMSL).
- Uma das principais vantagens do co-leito é que promove a lactância, ao fazer com que as tomas noturnas sejam mais rápidas, mais acessíveis e menos perturbadoras.
- Os bebés com os quais se pratica o co-leito podem adormecer mais rápido e permanecer dormidos durante maior período de tempo.
- Entre as principais vantagens do co-leito podemos encontrar que as mães podem sentir-se mais descansadas.
- Algumas investigações, como esta do National Library of Medicine, publicada em 2017, indicam que o co-leito (e particularmente partilhar a cama) tem benefícios fisiológicos para o bebé, como pode ser sincronizar a respiração com a do adulto e ajudar a regular a sua temperatura.
- Outras investigações, como a realizada pela Universidade de Essex (Reino Unido), na qual participaram 17.000 crianças britânicas, durante 11 anos, sugerem que os bebés que dormem juntos desenvolvem relações emocionais mais fortes com os seus pais e com outras pessoas.
- Além do mais, o co-leito poderia implicar uma maior regulação emocional dos pais e provocar sentimentos de proximidade em relação ao bebé, assim como menores níveis de stress para os bebés.
Desvantagens do co-leito
Ainda que já tenhamos visto estudos e correntes de pensamento que indicam os seus benefícios, também é essencial conhecer os possíveis inconvenientes do co-leito, de modo a que possa tomar uma decisão informada e segura enquanto família.
- Risco de asfixia ou de ficar preso
Segundo a Academia Americana de Pediatria (AAP), entre as desvantagens do co-leito encontramos possíveis riscos de asfixia e de aprisionamento. Falamos de estudos que indicam que o risco de asfixia aumenta quando os pais partilham a mesma cama que o bebé, devido à possibilidade de que o bebé fique preso entre o adulto e o colchão ou que termine coberto pelos lençóis.
Uma análise dos casos de morte súbita infantil revelou que uma proporção significativa deles ocorreu em entornos de co-leito, destacando a importância de seguir diretrizes de segurança bastante rigorosas.
- Transtornos do sono
O co-leito pode interferir com um descanso adequado, quer dos pais, como do bebé. Os movimentos involuntários, o ronquido, ou ainda as mudanças de temperatura entre as camas partilhadas, podem provocar interrupções frequentes no sono.
É que algumas investigações, como a publicada na National Library of Medicine, indicaram que a proximidade física contínua durante o co-leito pode alterar os ciclos de sono profundo do bebé, afetando assim um descanso ótimo e que é necessário para o seu desenvolvimento.
- Dificuldade para o desenvolvimento da independência
Em linha com o ponto anterior, entre as desvantagens do co-leito argumenta-se que, em casos nos quais o co-leito se pratica por períodos prolongados, estes acabam por dificultar o desenvolvimento da autonomia nas crianças.
Segundo um estudo do Journal of Child Psychology and Psychiatry, as crianças acostumadas a dormir sozinhas tendem a desenvolver habilidades de auto-consolação mais rápido, porque aprendem a dormir sem assistência. E estamos a falar de uma habilidade que é fundamental para a sua independência emocional à medida que vão crescendo.
- Interferência na relação de casal
A intimidade do casal pode ver-se afetada ao praticar o co-leito. A falta de tempo privado para o casal pode gerar tensão e desafios na relação.
Um estudo intitulado Couple Relationships and Sleep, realizado pela American Psychological Association, demonstra que a falta de espaço pessoal e o constante enfoque nas necessidades da criança podem limitar a oportunidade do casal para manter uma relação saudável e equilibrada.
Tipos de co-leito
Caso se decida pelos benefícios que garante o co-leito, estas são as formas mais adequadas de o praticar.
Co-leito na mesma cama
Este tipo de co-leito implica que o bebé durma diretamente na cama com os pais. Ainda que seja uma prática que permite um contato imediato e contínuo, é considerada a menos segura, devido aos riscos de asfixia ou de esmagamento involuntário. Para mitigar estes riscos, algumas famílias optam por utilizar protetores de cama ou barreiras desenhadas especificamente para aumentar a segurança.
Co-leito com berço no mesmo quarto
Com este método, o berço do bebé é colocado no mesmo quarto que o dos pais, mas não na mesma cama. Este tipo de co-leito permite aos pais estarem próximo do bebé para a lactância noturna ou para o tranquilizar caso se desperte, ao mesmo tempo que mantém um espaço seguro para dormir.
Co-leito com cama adjacente
Neste caso é colocado um berço ou uma mini cama colada à cama dos pais, muitas vezes com uma das laterais retirada. Isto maximiza a proximidade e o acesso fácil ao bebé, mas sem partilhar a mesma superfície de sono. Este enfoque é mais recomendado, porque proporciona a proximidade e o acesso do co-leito, mas com menos riscos do que acontece ao partilharem a mesma cama.

O que é um co-leito seguro
O co-leito seguro consiste em dormir com o bebé no mesmo quarto, mas num espaço independente e seguro para ele, como num berço ou numa cama especialmente desenhada para o co-leito. O objetivo é que o bebé descanse de forma segura, sem risco de asfixia ou de ficar preso debaixo de algo.
O Ministério de Saúde, Serviços Sociais e Igualdade recomenda este tipo de co-leito, já que permite a proximidade entre pais e filho, sem os riscos de partilhar a mesma cama.
Como reduzir o risco de acidentes e sobreaquecimento no co-leito
No documento da AEPED são recolhidas certas recomendações para fomentar os benefícios do co-leito. É que, se vai partilhar cama com o seu bebé, deve seguir estes conselhos para que a prática seja mais segura:
– Não dormir na mesma superfície que o bebé caso se seja fumador ou fumadora: os bebés expostos ao fumo têm um maior risco de sofrer de SMSL.
– Não dormir na mesma superfície que o bebé caso se tenham ingerido drogas ou sedantes, consumido álcool, ou caso se esteja demasiado cansado.
– Se partilha cama com o seu par, colocar o bebé num dos lados, ao invés de o colocar no meio dos dois.
– Não dormir na mesma superfície que o bebé se fumou durante a gravidez. Existem estudos como este que indicam que o risco de sofrer de SMSL se duplicou quando a mãe fumou durante a gravidez.
– Não dormir num sofá ou numa cadeira enquanto se segura no bebé.
– Se o bebé está na cama, assegurar-se de que não existem espaços entre a cama e a parede, o que poderia fazer com que o bebé ficasse preso.
– Assegurar-se de que não existem almofadas, lençóis ou mantas que possam cobrir a cara, a cabeça ou o pescoço do bebé.
Partilhar quarto (e não cama) pode ser a forma mais segura de praticar o co-leito. Em qualquer caso, se acaba por dormir na mesma cama com o bebé, o melhor será assegurar-se de evitar os possíveis perigos que possam surgir. E, caso tenha alguma dúvida, consulte-se com o seu médico ou pediatra!
Quando não dormir com o seu bebé
Tendo como base o documento da AEPED (Associação Espanhola de Pediatria) e a UNICEF, é recomendável não dormir com o bebé nos seguintes casos:
– Bebés prematuros ou com baixo peso ao nascer: os bebés prematuros ou com baixo peso têm um maior risco de síndrome de morte súbita do lactente (SMSL), assim como de asfixia.
– Bebés com problemas respiratórios: a presença de um bebé com problemas respiratórios na mesma cama com adultos pode dificultar a sua respiração e aumentar o risco de apneia.
– Pais que fumam ou que consomem álcool ou drogas: o consumo de tabaco, álcool ou drogas pode aumentar o risco de SMSL e gerar um entorno inseguro para o bebé.
– Pais com problemas de saúde que possam colocar em risco o bebé: se os pais têm alguma condição médica que pode dificultar a sua capacidade de resposta, é importante evitar dormir com o bebé.
É importante recordar também que a AAP (Academia Americana de Pediatria) recomenda não dormir com o bebé na mesma cama. Realmente, apostam por partilhar o quarto, de modo a assegurar a sua segurança e reduzir o risco de SMSL.
Se tem dúvidas sobre o co-leito, consulte-se com o seu pediatra ou com um profissional de saúde.
Perguntas frequentes sobre o co-leito
Estas são as perguntas principais que os pais e as mães se fazem na hora de avaliar os benefícios e desvantagens do co-leito.
Até que idade é recomendável praticar o co-leito?
Não existe uma idade específica para deixar de praticar o co-leito. A decisão depende das necessidades e das preferências da família. É importante considerar a idade da criança, o seu desenvolvimento, a comodidade dos pais, assim como as condições de segurança. No entanto, existem correntes de pensamento que indicam que não se deveria prolongar para lá dos 3 anos de idade do menor.
É seguro praticar o co-leito?
Como já pudemos verificar neste artigo, o co-leito é seguro caso se tomem as medidas de segurança adequadas. É fundamental que o bebé durma numa superfície plana e firme, que o quarto esteja bem ventilado, e que se evitem os fatores de risco, como o consumo de álcool ou de drogas.
O co-leito afeta a independência da criança?
Já pudemos perceber que existem benefícios e desvantagens do co-leito. Entre eles, os estudos que assinalam que pode afetar a independência da criança, especialmente caso se prolongue por muito tempo.
O co-leito influi na relação do casal?
O co-leito pode afetar a intimidade do casal, criando tensão na relação. É importante que o casal discuta as suas necessidades e expetativas em relação ao co-leito, de modo a poderem manter uma relação harmoniosa.
É bom que as crianças durmam com os seus pais?
O co-leito pode ter benefícios para os bebés, mas também traz certos riscos, especialmente quando a idade se prolonga para lá dos 3 anos. A decisão de praticar o co-leito é pessoal e depende das circunstâncias da família.
É mau que uma criança de 7 anos durma com os seus pais?
Como já pudemos ver, não existe um consenso definitivo sobre a idade específica de terminar com o co-leito. A decisão de o praticar depende das necessidades e das preferências da família, mas existem mais especialistas que indicam que se deveria fazer até aos 3 anos.
É mau que uma criança de 9 anos durma com a mãe?
A decisão de se uma criança de 9 anos deve dormir com a sua mãe depende da dinâmica familiar e das razões por trás do co-leito. No entanto, muitos especialistas em desenvolvimento infantil sugerem que a esta idade é importante fomentar a independência da criança.
É normal que uma criança de 13 anos durma com a sua mãe?
Aos 13 anos é recomendável que os adolescentes durmam sós, de modo a fomentar a sua independência e privacidade, e que são vitais para o seu desenvolvimento.