Quais são os riscos de dormir pouco para as pessoas mais idosas?

Ago 26, 2022 | CONSELHOS, TERCEIRA IDADE | 0 comments

O envelhecimento está ligado a muitos problemas de saúde, incluindo as dificuldades para dormir. De fato, dormir mal poderia contribuir também para o aparecimento e/ou desenvolvimento destes problemas, reduzindo a qualidade de vida das pessoas com mais de 65 anos.

É por isso que é tão importante prestar atenção aos riscos que estão inerentes ao fato de que as pessoas mais idosas durmam pouco. Passamos quase um terço da nossa vida a dormir, e o sono converte-se numa parte fundamental para promover a saúde em geral nas pessoas idosas.

Como é que o envelhecimento afeta o descanso?

Como poderá imaginar, o envelhecimento não afeta a todas as pessoas por igual. Enquanto que alguns adultos mais idosos podem não sofrer interrupções significativas no seu descanso, outros têm a tendência a dormir menos e a desfrutar de uma pior qualidade de sono. Os especialistas identificaram vários distúrbios do sono que são comuns em adultos mais idosos:

  • Sestas durante o dia: as investigações estimam que cerca de 25 por cento dos adultos idosos fazem a sesta, em comparação com os 8 por cento dos adultos mais jovens. Ainda que alguns especialistas possam sugerir que uma sesta curta durante o dia pode ser benéfica, sucede que as sestas demasiado longas, sobretudo quando são feitas pela tarde, podem fazer com que seja mais difícil conseguir adormecer na hora de se deitar, assim como criar interrupções no sono noturno.
  • Horário de sono irregular: à medida que as pessoas envelhecem, os ritmos circadianos do corpo sofrem alterações. Esta mudança chama-se avanço de fase: muitos adultos idosos experimentam este avanço de fase cada vez mais cedo pelas tardes, e despertam-se também mais cedo pelas manhãs. 
  • Despertar-se durante a noite: a investigação também demonstrou que, à medida que as pessoas envelhecem, costumam experimentar cada vez mais alterações na sua arquitetura do sono. Esta é definida como a forma segundo a qual as pessoas passam pelas diferentes etapas do sono. Os adultos idosos passam mais tempo nos estágios iniciais e mais leves do sono, e menos tempo nos estágios posteriores e mais profundos. Estas alterações podem fazer com que as pessoas mais idosas se despertem antes pelas noites e tenham um descanso mais fragmentado e menos reparador. 
  • Recuperação mais prolongada na hora de se adaptar às alterações repentinas do sono.

Como é evidente, tudo isto tem as suas consequências no dia a dia dos idosos. Mostramos-lhe algumas dessas consequências.

dormir pouco

Riscos de que as pessoas idosas durmam pouco

As pessoas mais idosas experimentam maiores taxas de insónia e transtornos do sono em geral, além das alterações que mencionamos anteriormente. Tudo isto tem as suas consequências também sobre a sua saúde física, e, relacionado com a falta de sono, as pessoas idosas podem sofrer de:

  • Doença pulmonar obstrutiva crónica (EPOC)
  • Doença por refluxo gastroesofágico
  • Transtorno da fase avançada do sono
  • Doença de Parkinson
  • Alzheimer

Assim o confirmam investigações como a publicada na revista Sleep Medicine Clinics em 2019. Segundo parece, os problemas de sono são comuns em adultos idosos com demência, mas a evidência também sugere que as alterações no sono podem contribuir para o desenvolvimento de problemas cognitivos e para o risco de demência. 

Ainda que os mecanismos não sejam ainda totalmente compreendidos, os estudos experimentais sugerem que incluso uma só noite de privação de sono conduz à acumulação de beta-amiloide no cérebro humano. Este é um produto de resíduo metabólico que pode formar placas com o tempo, o que contribui para a doença de Alzheimer (EA). Assim, o sono pode desempenhar um papel fundamental na prevenção do deterioro cognitivo e no risco potencial de sofrer de Alzheimer. 

Logicamente, estas enfermidades não só encontram a sua causa na falta de sono, já que também são consequência do envelhecimento em si. No entanto, as doenças relacionadas com o sono podem ser difíceis de tratar por si sós, mas, quando se combinam com outros transtornos do sono, os efeitos podem ser devastadores.

Mentalmente, a falta de sono pode causar:

  • Distorção da memória.
  • Confusão.
  • Diminuição da capacidade mental.
  • Depressão.

Além do mais, a insónia a longo prazo afeta a capacidade de uma pessoa para reagir adequadamente ao stress, o que aumenta o risco de desenvolver uma doença mental. 

Por outro lado, também existem riscos para a saúde física das pessoas mais idosas que dormem pouco:

  • Maior desgaste dos órgãos vitais.
  • Diminuição da força e resistência muscular.
  • Maior sensibilidade à dor.
  • Aumento do risco de diabetes.
  • Sistema imunitário debilitado.

De qualquer forma, é importante detetar se existe um transtorno do sono antes de normalizar a falta de descanso nas pessoas idosas. Como vê, são vários os riscos que derivam do fato de que as pessoas idosas durmam pouco, pelo que vale a pena estar bem atentos a este problema!