Alterações no sono com o envelhecimento

Dez 9, 2021 | PERTURBAÇOES DO SONO | 0 comments

Cada vez são mais as pessoas idosas que vivem entre nós. De fato, é uma tendência que se pode observar a nível mundial, tal como indicam as Nações Unidas: estas estimam que a quantidade de pessoas com mais de 60 anos vai duplicar até 2050, e triplicar até 2100.

O envelhecimento está ligado a muitos problemas de saúde, principalmente com as dificuldades para dormir. De fato, a falta de sono poderia contribuir para muitos destes problemas, reduzindo a qualidade de vida das pessoas com mais de 65 anos.

É por isso que é tão importante abordar as necessidades únicas que apresentam as pessoas mais idosas, para assim poder compreender os efeitos do envelhecimento na saúde. Um terço das nossas vidas é passado a dormir, assim que, faz sentido dar ao sono a importância que ele merece, não lhe parece?

Quais são as alterações no sono com o envelhecimento?

É habitual que os adultos mais idosos experimentem mudanças na qualidade e duração do seu descanso. Muitas destas alterações ocorrem devido a mudanças no relógio interno do corpo. De fato, no nosso cérebro dispomos de um relógio mestre, chamado hipotálamo, composto por umas 20.000 células, que formam o núcleo supraquiasmático.

Este núcleo controla os ciclos diários de 24 horas, chamados ritmos circadianos. Estes ritmos circadianos influenciam os ciclos diários, como quando temos fome, quando o corpo libera certas hormonas, ou quando nos sentimos sonolentos ou alerta.

À medida que envelhecemos, o nosso sono muda, devido aos efeitos do envelhecimento do núcleo supraquiasmático. A deterioração do seu funcionamento pode alterar os ritmos circadianos, influindo diretamente em quando nos sentimos cansados e alerta.

O núcleo supraquiasmático recebe informação através dos olhos, e a luz é um dos sinais mais poderosos para manter os ritmos circadianos. Infelizmente, as investigações mostram que muitas pessoas mais idosas têm uma exposição insuficiente à luz do dia, com uma média de cerca de uma hora ao dia.

As mudanças na produção de hormonas, como a melatonina e o cortisol, também podem influir na interrupção do sono nos adultos mais idosos. À medida que as pessoas envelhecem, o corpo segrega menos melatonina, que normalmente se produz em resposta à escuridão, o que ajuda a promover o sono, através da coordenação dos ritmos circadianos.

O sono e as condições de saúde

As condições de saúde física e mental também podem ter interferência na qualidade do sono. As doenças que comummente afetam o sono nas pessoas mais idosas incluem ansiedade, depressão, enfermidades cardíacas, diabetes, e doenças que causam mal-estar e dor, como a artrite. A relação entre a saúde física e o sono complica-se, pelo feito de que a muitos adultos mais idosos é-lhes diagnosticado mais do que um problema de saúde.

Além disso, os problemas para dormir também podem estar relacionados com os efeitos secundários de alguns medicamentos. Quase 40% dos adultos com mais de 65 anos nos Estados Unidos tomam cinco ou mais medicamentos, tal como indica uma investigação publicada em 2015 na revista The Journals of Gerontology.

Alterações no sono com o envelhecimento

Ao que parece, muitos medicamentos receitados e de venda livre podem contribuir para os problemas de sono. Por exemplo, os anti-histamínicos e os opiáceos podem causar sonolência durante o dia, enquanto que os medicamentos como os antidepressivos e os corticosteroides podem manter despertas as pessoas mais idosas, e contribuir para os sintomas de insónias. Além do mais, as interações entre múltiplos medicamentos podem causar efeitos inesperados sobre o sono.

O estilo de vida e o descanso

A má qualidade de sono nas pessoas mais idosas também pode estar relacionada com as alterações no estilo de vida que, frequentemente, vêm de mãos dadas com o envelhecimento. Por exemplo, a reforma leva a menos trabalho fora de casa, e possivelmente a mais sestas, e a um horário de sono menos estruturado.

Outras mudanças importantes na vida, como a perda de alguma independência, e o isolamento social, podem aumentar o stress e a ansiedade, o que também pode contribuir para os problemas de sono.

Então, como o envelhecimento afeta exatamente o sono?

O envelhecimento não afeta a todos por igual: dependendo da pessoa, poderá ser afetada de uma maneira ou de outra. Se alguns adultos mais idosos podem não ter interrupções significativas no seu sono, outros queixam-se de que dormem menos, e de ter uma pior qualidade de sono.

Os especialistas encontraram várias alterações comuns do sono, nos adultos mais idosos:

Alterações nas horas de sono

À medida que envelhecemos, os ritmos circadianos do corpo vão avançando no tempo. Esta mudança é denominada avanço de fase, e são muitos os adultos idosos que experimentam este avanço, como ter sono cada vez mais cedo pela noite, e despertar-se mais cedo pela manhã.

Despertar-se pelas noites

As investigações também demonstraram que, à medida que as pessoas envelhecem, frequentemente experimentam alterações na sua arquitetura do sono. Esta “arquitetura” faz referência ao modo como as pessoas passam através das diferentes etapas do sono.

Os adultos idosos passam mais tempo nas etapas iniciais e mais leves do sono, e menos tempo nas etapas posteriores e mais profundas. Estas mudanças podem contribuir para que as pessoas mais idosas se despertem com maior frequência durante a noite, e tenham um sono mais fragmentado, e menos reparador.

Sestas durante o dia

As investigações estimam que cerca de 25% dos adultos mais idosos dormem sestas, comparado com os cerca de 8% dos adultos jovens. Em qualquer caso, os especialistas parecem estar de acordo em que as sestas prolongadas, e as sestas que fazemos pelas tardes, podem fazer com que seja mais difícil adormecer na hora de se deitar pela noite, o que poderia provocar frequentes interrupções do sono.

Recuperação mais prolongada das alterações no horário de sono

As alterações na forma como o corpo regula os ritmos circadianos dificultam que as pessoas mais idosas se adaptem às mudanças repentinas nos seus horários de sono, como durante o horário de verão, ou quando experimentam jet-lag.

Como vê, as alterações no envelhecimento são completamente normais. No entanto, tal como os adultos jovens, os adultos idosos precisam de dormir entre 7 a 8 horas de sono cada noite. É importante manter este descanso em linha, já que dormir é fundamental para a vida!