Insónia de manutenção: O que é e por que se produz

Alguma vez se despertou a meio da noite, e não conseguiu voltar a dormir? Como poderá imaginar, é algo que já aconteceu alguma vez à maioria das pessoas. No entanto, o que não é tão comum é que lhe aconteça com demasiada frequência. Se este é o seu caso, é possível que esteja a sofrer de insónia de manutenção, ou sono fragmentado.

A insónia é falta de sono que, para muitas pessoas, alcança um nível digno de necessitar de tratamento. Em si, a insónia pode aparecer sob variadas formas, entre as quais podemos encontrar a insónia de manutenção, que é a que mais costuma afetar os adultos mais idosos.

A insónia e os adultos

Os estudos estimam que a prevalência das insónias na população em geral oscila entre os 10 e os 20%. Porém, as taxas entre os adultos parecem muito mais elevadas, e alguns estudos mostram taxas de até uns 40%. 

Ao que parece, os adultos com doenças médicas e depressão têm um risco particular de sofrer de insónias. Os adultos saudáveis têm taxas de insónias similares às da população adulta em geral.

Isto poderia acontecer devido principalmente a que o sono em si muda com a idade. A latência do sono (ou seja, o tempo que demoramos para adormecer) aumenta, os despertares madrugadores são mais comuns, o sono profundo (etapas 3 e 4) diminui, e a eficiência do sono (tempo que passamos a dormir na cama) reduz-se.

Dado que as pessoas mais idosas passam menos tempo nas etapas mais profundas do sono, e mais tempo nas etapas mais leves, é mais provável que se despertem, por exemplo, pelo ruído no ambiente envolvente.

A maioria dos transtornos primários do sono, como pode ser a apneia do sono, aumentam em paralelo com a idade. As pessoas com apneia do sono não tratada têm mais sono durante o dia do que as pessoas sem apneia do sono, ou com apneia do sono tratada, tal como afirmam determinadas investigações, como a publicada em 2012 na revista Journal of Clinical Psychology.

O que é a insónia de manutenção?

Mas, em concreto, de que falamos quando nos referimos à insónia de manutenção, ou sono fragmentado? Segundo a Sleep Foundation, a insónia de manutenção é descrita como a incapacidade de permanecer dormido durante a noite. A maioria das vezes, isto significa despertar-se pelo menos uma vez durante a noite, e tentar voltar a dormir durante, pelo menos, 20-30 minutos.

O sono fragmentado, associado com uma manutenção deficiente do sono, significa uma diminuição, quer na quantidade, como na qualidade do sono, o que cria maiores possibilidades de sonolência ou lentidão durante o dia.

E, por quê se produz a insónia de manutenção?

Ao que parece, segundo a investigação que comentávamos anteriormente, a insónia de manutenção poderia acontecer devido a uma interação entre as mudanças relacionadas com a idade na sincronização do ciclo circadiano, juntamente com as alterações de comportamento, que contribuem para um sono deficiente.

Segundo esta investigação, poderíamos dividir os fatores que desencadeiam este tipo de insónia em três:

Fatores predisponentes

São fatores que vêm predispostos, e contribuem para sofrer de insónia de manutenção. Estes são alguns:

• Predisposição genética e histórico familiar.
• Hiperatividade.
• Diminuição do impulso homeostático do sono.
• Ritmo circadiano diminuído (amplitude e fase).
• Condições médicas.
• Transtornos do estado de ânimo.

Fatores precipitantes

Entre os fatores precipitantes, podemos encontrar:

• Hospitalizações.
• Stress agudo, relacionado com doenças médicas.
• Fatores de estilo de vida, como isolamento, ou pouca atividade diária.
• Exacerbação dos sintomas psiquiátricos, como estar num episódio depressivo.
• Mobilidade reduzida.

Fatores perpetuantes

Os fatores que podem perpetuar a insónia de manutenção podem ser:

• Sestas.
• Passar muito tempo na cama (por vezes, devido a aborrecimento).
• Estar pouco exposto/a à luz diária, ou atividade física diária diminuta.
• Efeitos secundários de alguns medicamentos.
• O feito de associar a cama com outras atividades que não sejam dormir.

Como vê, são muitos os fatores que nos podem levar a despertar a meio da noite, ou muito cedo pela manhã, especialmente quanto mais idade tivermos. No entanto, o mais provável é que o nosso médico nos possa ajudar a resolver alguns dos problemas que desencadeiam esta insónia, e o melhor será consultar com um profissional o antes possível. Voltar a dormir bem está nas suas mãos!